
Deflagrada na semana passada, a Operação Fake Cloud, do Gaeco (Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado), prendeu três pessoas acusadas de fraudarem licitação de R$ 159.828,00 de armazenamento de dados em nuvem, na Prefeitura de Itaporã, cidade a 233 km de Campo Grande.
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Foram presos o secretário municipal de Governo e Gestão Estratégica de Corumbá, Nilson dos Santos Pedroso (já exonerado), e os empresários Lucas de Andrade Coutinho — pela terceira vez por corrupção —, e George Willian de Oliveira, proprietário da Citiz Tecnologia (CNPJ 21.134.038/0001-27), vencedor da licitação.
Conforme relatório de investigação obtido pela reportagem, Lucas é que faz a ‘ponte’ entre George e o então chefe de compras de Itaporã, Nilson.
Assim, após definir a fraude com Nilson, Lucas combina com George os preços falsos para forjarem uma disputa, já que se tratava de licitação por dispensa, ou seja, em que a prefeitura apenas escolhe o menor orçamento dentre os valores apresentados.
Dessa forma, conversas de Whatsapp entre os empresários mostra como eles armaram a fraude.
Primeiro, George envia documento contendo toda a descrição que seria utilizado, posteriormente, pela prefeitura.
Depois, Lucas pede que George arranje outras duas empresas para apresentarem propostas falsas. “Ai você põe o valor ai cara, é.. mete cinquenta pau“.
E continua, especificando quanto cada empresa vai propor: “Pede pro seu amigo mandar uns sessenta e três e quinhentos aqui, e eu vou manda uns cinquenta e oito pela Maiorca [empresa ligada a Lucas], ai você joga cinquenta mil. Põe cinquenta e dois mil e duzentos no seu, George“.
E foi a proposta de R$ 52,2 mil de George a vencedora.
Para garantir que não haveria empecilhos para o grupo, Lucas pede que George elabore cláusulas restritivas no edital. Para que outras empresas não pudessem participar do certame. “A gente precisa amarrar o negócio para que na hora da licitação não tenha ninguém”, diz.
Ou seja, o edital utilizado pela prefeitura de Itaporã, segundo o Gaeco, foi elaborado pelo empresário que ganhou a licitação.
Lucas é acusado de, junto do irmão, Sérgio Coutinho Duarte Júnior, fraudar contratos no valor de R$ 68 milhões da saúde e educação.
No entanto, Lucas estaria iniciando no ramo de tecnologia, que seria mais vantajoso.
Por exemplo, conforme conversas extraídas do próprio aparelho de Lucas com o outro empresário George, os dois fazem a ‘contabilidade’ dos ganhos com o contrato em Itaporã.
Eles abocanharam um contrato de R$ 104,4 mil.
Conforme planilha feita pela dupla, o valor de custo do serviço seria de apenas R$ 10 mil. Outros R$ 30 mil foi repassado como propina a Nilson.
Dessa forma, os dois dividiram o ‘lucro’, de R$ 26.940,00 cada.