Parada do Orgulho LGBTI+ do Rio celebra 30 anos e reforça visibilidade

Edição histórica na orla de Copacabana destaca luta por direitos e construção de futuros sustentáveis

24/11/2025 às 08:00
Por: Redação

Apesar do tempo nublado, a orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, pulsou com vibrante energia na tarde deste domingo, 23 de novembro de 2025. A Avenida Atlântica e as icônicas areias da praia mais famosa do Brasil foram o palco da 30ª edição da Parada do Orgulho LGBTI+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros, intersexuais e outras identidades de gênero e orientações sexuais), que este ano comemorou três décadas da parada mais antiga do país.

 

A marcha, que anualmente carrega a poderosa mensagem de visibilidade, respeito e combate ao preconceito para a comunidade LGBTI+, ganhou um significado ainda mais profundo ao celebrar seu trigésimo aniversário. Em meio à agitação proporcionada pelos trios elétricos e a multidão engajada, um momento especial prestou homenagem à primeira parada brasileira: um carro vermelho transportou duas drag queens, evocando as figuras que abriram o desfile inaugural de 1995, também a bordo de um veículo conversível.

 

Marco Histórico e Atuação Comunitária

Entre as referências diretas a este marco histórico de 30 anos estava o ativista Cláudio Nascimento, um dos presentes em Copacabana naquele distante ano de 1995, quando tinha apenas 23 anos. Atualmente, Nascimento ocupa a presidência do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI+, entidade da sociedade civil responsável pela organização da parada desde a sua primeira edição.


“É um momento glorioso para nós. Estamos muito emocionado”, declarou Cláudio Nascimento à Agência Brasil, expressando a profunda emoção do grupo.


Cláudio Nascimento ressalta que, ao longo dessas três décadas de resistência, a Parada do Rio de Janeiro se confunde intrinsecamente com a história das conquistas por direitos da comunidade LGBTI+ no Brasil. Ele enfatiza a liderança do grupo em movimentos importantes, como as campanhas pela criminalização da LGBTIfobia e a conquista do casamento civil igualitário, considerada uma pauta estratégica e vitoriosa na luta por igualdade.

 

A influência da marcha carioca transcendeu as fronteiras do estado, servindo de inspiração para a criação de mais de 400 paradas do orgulho que, hoje, são realizadas em diversas cidades por todo o território nacional. Essa capilaridade demonstra o impacto duradouro e a relevância do evento como catalisador de mudanças sociais.

 

Mensagem Temática e Engajamento Social

Os organizadores da 30ª Parada do Orgulho LGBTI+ destacam que o movimento sempre busca transmitir uma mensagem “cirúrgica”, ou seja, pontual e altamente específica em relação aos desafios e aspirações da comunidade. Realizada no dia seguinte ao encerramento da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), ocorrida em Belém, a parada deste ano adotou o tema “30 anos fazendo história: das primeiras lutas pelo direito de existir à construção de futuros sustentáveis”.


Cláudio Nascimento afirmou a necessidade contínua de desenvolver mensagens que apontem caminhos promissores para o futuro da comunidade, um futuro que precisa ser diverso, plural, engajando discussões sobre sustentabilidade ambiental e incorporando agendas específicas de lésbicas, pessoas trans, pessoas com deficiência, famílias e pessoas idosas.


Além da forte mobilização política e social, os trios elétricos garantiram a festa e a cultura. O público desfrutou de performances de DJs e artistas renomados como Daniela Mercury, Grag Queen, Aretuza Lovi e Diego Martins, que animaram a multidão. Houve também um espaço dedicado para cerca de 100 artistas emergentes da comunidade LGBTI+ carioca, que tiveram a oportunidade de mostrar seu talento.

 

Mais do que uma mistura de ritmos e agitação, a Parada ofereceu um valioso espaço para mobilização, orientação e prestação de serviços essenciais relacionados à saúde e aos direitos da população LGBTI+. Tendas específicas disponibilizaram informações cruciais sobre prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (IST), distribuição gratuita de preservativos e farto material educativo.

 

O sucesso do evento foi possível graças ao apoio da prefeitura do Rio de Janeiro, do governo estadual e do aplicativo de relacionamento LGBTI+ Grindr, reforçando a importância da colaboração entre o poder público, a iniciativa privada e as organizações da sociedade civil para a realização de um evento tão significativo e abrangente.

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