Erika Hilton acusa Nikolas Ferreira de usar celular próximo a Bolsonaro

Denúncia ao STF alega descumprimento de ordem judicial e possível instigação a plano de fuga de ex-presidente em prisão domiciliar.

24/11/2025 às 08:00
Por: Redação

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) encaminhou neste domingo, 23 de novembro de 2025, uma notícia-crime ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). A acusação centraliza-se no flagrante de Nikolas Ferreira utilizando seu telefone celular na presença de Jair Bolsonaro, durante uma visita à residência do ex-presidente, ocorrida na sexta-feira, 21 de novembro.

 

A denúncia apresentada pela parlamentar se baseia em imagens veiculadas por uma emissora de TV, as quais indicam que o deputado mineiro fez uso de seu aparelho pessoal na casa de Bolsonaro. Desde agosto do mesmo ano, o ex-presidente estava cumprindo prisão cautelar domiciliar, condição que, conforme a petição PET 14.129/DF, proibia expressamente a utilização de celulares por terceiros em sua presença, violando, segundo a deputada, uma clara determinação judicial.

 

Alegação de instigação e pedido de apreensão

A visita de Nikolas Ferreira ocorreu em um momento crítico, na véspera da controversa tentativa de Bolsonaro de adulterar sua tornozeleira eletrônica com um ferro de solda. Esse incidente, que motivou a decretação de sua prisão preventiva por risco concreto de fuga, intensifica a gravidade da acusação de Erika Hilton.


“A conduta descumpre ordem judicial e aponta para possível instigação ou auxílio ao plano de evasão”, afirmou Erika Hilton em sua publicação em rede social.


No documento enviado ao STF, Erika Hilton não apenas reforça a suspeita de que Nikolas Ferreira teria instigado e auxiliado Jair Bolsonaro em uma suposta tentativa de evasão, como também solicitou, como medida crucial para preservar as provas do alegado instigação ou auxílio, a busca e apreensão do celular do deputado.

 

A defesa de Nikolas Ferreira e a crítica à emissora

Em resposta às acusações, Nikolas Ferreira utilizou sua própria rede social para se defender, negando qualquer descumprimento da lei. Ele alegou que, durante a visita ao ex-presidente em prisão domiciliar, não houve comunicação prévia sobre qualquer restrição ao uso de telefones celulares, seja por parte do Judiciário ou dos agentes responsáveis pela fiscalização.


O parlamentar argumentou que não foi informado previamente sobre qualquer restrição ao uso de celular, nem pelo Judiciário nem pelos agentes fiscalizadores, durante a visita.


Em sua nota de esclarecimento, Nikolas Ferreira também criticou veementemente a filmagem da residência do ex-presidente por meio de um drone, classificando-a como uma “invasão grave de privacidade” em um “ambiente privado”. Segundo o deputado, essa atitude é “totalmente incompatível com qualquer padrão mínimo de ética jornalística”, sugerindo que o episódio revela mais sobre a “conduta invasiva da emissora” do que sobre sua própria conduta.

 

Prisão preventiva de Bolsonaro e justificativa

Jair Bolsonaro foi detido preventivamente pela Polícia Federal (PF) no sábado, 22 de novembro de 2025, conforme determinação do ministro Alexandre de Moraes. A decisão do ministro do STF fundamentou-se no risco de fuga, evidenciado pela tentativa de Bolsonaro de violar a tornozeleira eletrônica e pela convocação de uma vigília em seu apoio pelo filho, o senador Flávio Bolsonaro, nas proximidades da residência.

 

Na sexta-feira, 21 de novembro, um dia antes de sua prisão, Bolsonaro utilizou um ferro de solda para tentar abrir a tornozeleira, o que disparou um alerta para a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seap), responsável pelo monitoramento. Em audiência de custódia por videoconferência, realizada no domingo, 23, em Brasília, o ex-presidente alegou ter tido uma “alucinação” de que o dispositivo continha uma escuta e uma “certa paranoia” devido à interação de medicamentos receitados por diferentes médicos, o que o levou a mexer no equipamento.

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