
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) encaminhou neste domingo, 23 de novembro de 2025, uma notícia-crime ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). A acusação centraliza-se no flagrante de Nikolas Ferreira utilizando seu telefone celular na presença de Jair Bolsonaro, durante uma visita à residência do ex-presidente, ocorrida na sexta-feira, 21 de novembro.
A denúncia apresentada pela parlamentar se baseia em imagens veiculadas por uma emissora de TV, as quais indicam que o deputado mineiro fez uso de seu aparelho pessoal na casa de Bolsonaro. Desde agosto do mesmo ano, o ex-presidente estava cumprindo prisão cautelar domiciliar, condição que, conforme a petição PET 14.129/DF, proibia expressamente a utilização de celulares por terceiros em sua presença, violando, segundo a deputada, uma clara determinação judicial.
A visita de Nikolas Ferreira ocorreu em um momento crítico, na véspera da controversa tentativa de Bolsonaro de adulterar sua tornozeleira eletrônica com um ferro de solda. Esse incidente, que motivou a decretação de sua prisão preventiva por risco concreto de fuga, intensifica a gravidade da acusação de Erika Hilton.
“A conduta descumpre ordem judicial e aponta para possível instigação ou auxílio ao plano de evasão”, afirmou Erika Hilton em sua publicação em rede social.
No documento enviado ao STF, Erika Hilton não apenas reforça a suspeita de que Nikolas Ferreira teria instigado e auxiliado Jair Bolsonaro em uma suposta tentativa de evasão, como também solicitou, como medida crucial para preservar as provas do alegado instigação ou auxílio, a busca e apreensão do celular do deputado.
Em resposta às acusações, Nikolas Ferreira utilizou sua própria rede social para se defender, negando qualquer descumprimento da lei. Ele alegou que, durante a visita ao ex-presidente em prisão domiciliar, não houve comunicação prévia sobre qualquer restrição ao uso de telefones celulares, seja por parte do Judiciário ou dos agentes responsáveis pela fiscalização.
O parlamentar argumentou que não foi informado previamente sobre qualquer restrição ao uso de celular, nem pelo Judiciário nem pelos agentes fiscalizadores, durante a visita.
Em sua nota de esclarecimento, Nikolas Ferreira também criticou veementemente a filmagem da residência do ex-presidente por meio de um drone, classificando-a como uma “invasão grave de privacidade” em um “ambiente privado”. Segundo o deputado, essa atitude é “totalmente incompatível com qualquer padrão mínimo de ética jornalística”, sugerindo que o episódio revela mais sobre a “conduta invasiva da emissora” do que sobre sua própria conduta.
Jair Bolsonaro foi detido preventivamente pela Polícia Federal (PF) no sábado, 22 de novembro de 2025, conforme determinação do ministro Alexandre de Moraes. A decisão do ministro do STF fundamentou-se no risco de fuga, evidenciado pela tentativa de Bolsonaro de violar a tornozeleira eletrônica e pela convocação de uma vigília em seu apoio pelo filho, o senador Flávio Bolsonaro, nas proximidades da residência.
Na sexta-feira, 21 de novembro, um dia antes de sua prisão, Bolsonaro utilizou um ferro de solda para tentar abrir a tornozeleira, o que disparou um alerta para a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seap), responsável pelo monitoramento. Em audiência de custódia por videoconferência, realizada no domingo, 23, em Brasília, o ex-presidente alegou ter tido uma “alucinação” de que o dispositivo continha uma escuta e uma “certa paranoia” devido à interação de medicamentos receitados por diferentes médicos, o que o levou a mexer no equipamento.