Sábado, 13 de Setembro de 2025
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda revisou a projeção da inflação para este ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,9% para 4,8%. A previsão consta do Boletim Macrofiscal, divulgado nesta quinta-feira (11).
Segundo a SPE, a projeção de redução da inflação ocorre em um contexto de excesso de oferta de bens em escala mundial, influenciado pelo aumento nas tarifas comerciais, especialmente as aplicadas pelo governo dos Estados Unidos.
O boletim também destaca a menor inflação no atacado agropecuário e industrial, além dos efeitos defasados da valorização do real, como fatores que contribuíram para a redução na previsão. A estimativa considera a bandeira amarela para as tarifas de energia elétrica em dezembro.
A projeção atual indica que o IPCA permanecerá acima do teto da meta de inflação para o ano, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo (limite superior de 4,5%).
Para 2026, a projeção é de que a inflação, medida pelo IPCA, se mantenha em 3,6%, convergindo para o centro da meta a partir de 2027.
Em relação a outros índices de inflação, a SPE manteve a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 4,7%. Este índice é utilizado para definir o valor do salário mínimo e corrigir aposentadorias.
A projeção para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) foi revisada para baixo, de 4,6% para 2,6% este ano. O IGP-DI é mais sensível às variações do dólar, pois reflete os preços no atacado.
A estimativa de crescimento da economia brasileira para este ano também foi revisada para baixo, de 2,5% para 2,3%. O boletim justifica essa revisão com base no desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, que ficou abaixo do esperado, refletindo os impactos da política monetária no crédito e na atividade econômica.
“Esse quadro de desaquecimento da atividade econômica está associado à política monetária restritiva, levando à desaceleração do crédito. Com a taxa de juros básica em 15% ao ano, já se observou redução na expansão interanual das concessões reais de crédito de cerca de 10,5% no trimestre encerrado em dezembro de 2024 para 2,4% no trimestre encerrado em julho”, aponta o boletim.
A atividade econômica desacelerou acentuadamente no segundo trimestre. O ritmo de crescimento passou de 1,3% no primeiro trimestre para 0,4% no segundo, refletindo a queda na produção da indústria de transformação e construção, bem como a redução nos serviços prestados pela administração pública.
Pela ótica da demanda, houve desaceleração no consumo das famílias e recuo no consumo do governo e no investimento. A projeção de crescimento para o PIB da indústria foi revisada de 2% para 1,4%, enquanto a projeção para o PIB de serviços permaneceu em 2,1%.
Para o PIB agropecuário, a projeção subiu de 7,8% para 8,3%, refletindo uma maior produção esperada de milho e algodão, além do abate de bovinos este ano, considerando os impactos das tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras e a mitigação desses impactos com o Plano Brasil Soberano.